Todos nós ouvimos essa pergunta quando éramos crianças. Eu ouvi muitas vezes e tinha na ponta da língua a resposta: Eu queria ser ginasta. Ou bailarina. Contei aqui sobre a minha paixão pelo balé. E, aos 10 anos, contei mais no meu diário, o mini-blog de papel:
"15/09/89
Querido Diário
Hoje eu estou tão feliz, diário, sabe por quê?
É porque eu vou fazer ginástica olímpica aos meus 12 anos. Só faltam dois anos.
Vai fazer um mês amanhã que não te escrevo.
Faltam 19 folhas pra você acabar, que pena.
Sabe por que faz tanto tempo que eu não te escrevo?
Eu acho que é porque não tenho nada de interessante pra te contar.
Tchau. Mil beijos."
Entrar na ginástica olímpica aos 12 anos? Claro que sabemos que é tarde demais. Ao menos pra se tornar uma profissional, como eu queria, mas tudo bem, tinha que confiar na promessa da minha mãe, sem saber que ela morria de medo que eu ficasse com o corpinho musculoso e, digamos assim, atrofiado por conta do ritmo excessivo dos treinos em tão tenra idade.
Vamos ao que foi escrito meses depois:
(desenho de uma garota escalando)
"21/05/90
Adorável Diário
Gostou do novo elogio?
É, acho que gostou.
Eu queria tanto ser ou bailarina ou ginasta. Sabe, diário, eu já sei escalar, mas não é escalar montanhas, não, é escalar de chegar até o chão.
Outro sonho meu é o de ter uma festa de 15 anos linda com valsa, vestidos brancos, num clube, tudo muito lindo e brilhando, mas falta muito tempo para isso.
Mesmo assim, tenho muita fé no que faço e espero um dia poder ser uma pessoa que ganhe muito bem para sustentar minha família e fazer tudo que eu gosto e poder viajar pelo país inteiro.
Aqui vou terminando muito feliz por ter te contado tudo isso.
Tchau "
Mais uma vez, o sonho de bailar por profissão. Mas tive que me distanciar do balé por problemas de logística (ficava ruim pra nossos pais levarem a mim e a minha irmã até a escola de dança) e nunca fiz uma aula sequer de ginástica artística. Claro, fiquei triste, mas temos que aprender à lidar com as frustrações desde pequenos, não é verdade? Acho que grande problema dos "novos pais" é tentar livrar seus filhos de quaisquer decepções, mas a vida real está cheia delas, então dizer "não" é, sim, fundamental! Farei o esforço de me lembrar disso quando uma carinha dengosa ou birrenta me pedir algo que considere ruim pra ela ou para as finanças da família.
Imagem aqui
Não me tornar uma Daiane dos Santos não impediu que meu sonho de trabalhar e prover minha família se tornasse realidade. Não que eu ganhe "muito bem" como gostaria, mas as coisas podem sempre melhorar. Faço muito das coisas que gosto e já viajei para as cinco regiões do país. Mais um sonho realizado e ampliando as fronteiras para o resto do mundo!
Festa de 15 anos? Tive, sim, mas muito menos pomposa, sem clube, sem vestidos brancos, sem brilhos, mas com valsa com papai e muito carinho de todos! Foi o que podia ser feito e nem por isso tive crises por conta dessa, digamos, adaptação. Rsrsrsrs
E vocês? O que sonhavam ser quando crescessem que NÃO se tornou realidade? Bombeiros, astronautas, jogadores de futebol, atrizes, cantoras? Contem aí!