quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Mira da Cegonha

Desabafo de uma futura mãe:

D. Cegonha, este recado é diretamente pra você!

"- Na última semana fui informada da gravidez de duas amigas. Claro, fiquei felicíssima por elas, até me emocionei. Mas vamos analisar aqui uma coisa:  tô vendo que a entrega está bem eficiente, então FAZ O FAVOR DE ME COLOCAR LOGO NESSA LISTINHA AÊ!!!
Sei, migratória ave, que "cada um tem a sua hora" e  não tenho a menor duvida de que "Deus sabe o momento de cada um". Também já ouvi "quando vocês esquecerem, vai acontecer". Está certo, eu, racionalmente, acredito em tudo isso. Juro! Está claro, divulgado por diversos estudos, que a ansiedade só atrapalha e blá, blá, blá, etc e tal, mas, entenda o meu lado, a gente passa anos evitando uma coisa de todo o jeito e, quando optamos por ela, nada acontece. Fica difícil "esquecer" depois que isso está decidido, compreende? Desde que resolvemos parar com os contraceptivos, já foram "contempladas" três primas, a esposa de um primo, cinco amigas minhas e ainda três esposas de amigos de Ronei. Pelo menos duas dessas aí nem planejavam essa encomendinha desdentada pra agora. Então, minha querida, dê uma olhadinha pra confirmar se você não pulou meu nome aí na lista! Ah, só não me venha depois querer compensar o erro entregando dois produtos de uma vez, ok? Grata!"

Imagem  aqui



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Velha infância


 "E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?"



Estava ainda no jardim de infância quando o conheci. Era só mais um dos meninos bagunceiros de minha turma. Eu, por outro lado, era uma garota estudiosa, mas longe de ser a mais bonita ou popular. Lembro-me de uma festinha de São João na escola, daquelas em que a gente passa semanas ensaiando com o par. O meu ensaiou comigo por todo o tempo, mas na véspera resolveu me trocar pela mais cobiçada menina da sala. Ofereceu duas figurinhas de álbum ao par dela e o garoto aceitou. Só que o rapazinho filho da mãe não apareceu no dia da festa e eu fiquei sem par, não dançando na apresentação. Anos depois descobriria sua identidade. Era ele. 

No início do ginásio muita gente saiu da escola, o colecionador de figurinhas foi junto.


Quinze anos depois, o finado orkut (que separou tantos casais), acabou por promover um reencontro virtual. Participávamos da mesma "comunidade" do antigo colégio do primário. Conversa vai, conversa vem, tal qual Eduardo e Mônica, trocamos telefone, depois telefonamos e decidimos "se" encontrar. Bom, não fomos ver um filme do Godard, mas devia ser tão chato quanto, pois nenhum dos dois se interessou pelo tal dO Mercador de Veneza (eu juro que tentei!)

Vieram então muitas lembranças daquela velha infância, algumas não tão agradáveis (pô, o lance das figurinhas foi sacanagem!), vimos que os nossos caminhos, mesmo tão diferentes, acabaram por se cruzar num momento bom para nós dois, já de maturidade, de trabalho, de estudo. Tantas coisas em comum e tantos pontos diferentes, certamente um convite para um -sempre interessante- exercício de compreensão. Três anos depois decidimos aceitar o desafio da convivência sob um mesmo teto e nos casamos. E mais três anos se passaram desde aquele dia tão especial.

Por tudo isso, queridos leitores,  peço licença para fazer este post comemorativo aos nossos TRÊS ANOS de casados. Nem tudo foram flores, é verdade, mas quem disse que seriam? Que venham muitos outros, sempre pautados em respeito, confiança e amor.

É com você, meu marido, meu melhor amigo, que eu quero compartilhar tantas coisas importantes que desejo para mim. É com você que eu quero gerar os filhos que há tanto tempo fazem parte dos meus sonhos. E que teus olhos os guiem como me guiam. Eu te amo!



domingo, 15 de abril de 2012

Pulantes

Há muito tempo, mesmo antes de nos casarmos, eu e Ronei nos divertimos observando as "crianças dos outros". Notamos que elas têm ao menos um comportamento padrão: seja aqui em Salvador ou em qualquer outra parte por onde já estivemos, elas não caminham, e sim saltitam, ou melhor, pulam mesmo! Por conta dessa observação, as apelidamos secretamente (?) de "pulantes"! É como se a energia contida dentro daqueles minúsculos corpinhos, que até outro dia sequer sabiam ficar de pé, precisasse ser colocada para fora de uma vez! Eles não conseguem caminhar por muito tempo sem dar um pinotezinho, por menor que seja. Sempre rimos e imaginamos como se comportarão os nossos pequenos. Serão pulantes também?


Lembro-me que eu mesma, na infância, não fui diferente das amostrinhas de gente que vemos hoje. Adorava pular, dançar, correr e agradeço à oportunidade que tive (valeu, mãe. Valeu, pai. Valeu, irmãos!) pra transformar minha energia potencial em cinética. Durante um certo tempo eu e minha irmã fizemos balé. Eu adorava! Usávamos o tradicional collant rosa claro com mini-saia volante de tule, meia-calça e sapatilha. Até hoje sei fazer a meia-ponta com o pé beeeem esticadinho (tá, eu sei, isso não me serve mais pra nada). Fizemos algumas apresentações na época, uma bem grande, num teatro (mãe, qual foi o teatro?), minha irmã fez a árvore e eu fiz o macaco (não me lembro qual outro papel fizemos, só lembro que eu dançava e me coçava e que Keu dançava e balançava os "galhos"! kkkk). Ah, a música principal foi "Amanhã" de Guilherme Arantes. Tenho uma foto perdida em algum lugar, se eu achar, coloco depois no post, prometo!


Imagem aqui

Desses deliciosos tempos da dança, uma música ficou guardada na minha lembrança. Aliás, não era exatamente uma música, mas apenas um trechinho dela. Era uma lembrança tão embotada que por vezes eu me perguntava se era mesmo real ou invenção da minha cabecinha criativa. Aí, benditos tempos cibernéticos, recorri ao novo pai dos burros e não é que ele achou pra mim? Fiquei tão feliz que tive que compartilhar:



A Bailarina

Lucinha Lins






Um, dois três e quatro
Dobro a perna e dou um salto
Viro e me viro ao revés
e se eu cair conto até dez

Depois essa lenga-lenga

toda recomeça

puxa-vida, ora essa
vivo na ponta dos pés

Um, dois três e quatro
Dobro a perna e dou um salto
Viro e me viro ao revés
e se eu cair conto até dez

Depois essa lenga-lenga
toda recomeça
puxa-vida, ora essa!
vivo na ponta dos pés

Quando sou criança
viro o orgulho da família
giro em meia-ponta
sobre minha sapatilha

Quando sou brinquedo
me dão corda sem parar
se a corda não acaba
eu não paro de dançar.

Sem querer esnobar
sei bem fazer um gran de car
E pra um bom salto acontecer
Me abaixo num demi plié

Sinto de repente
uma sensação de orgulho
se ao contrário de um mergulho
pulo no ar um gran jetté

Quando estou no palco
entre luzes a brilhar
eu me sinto um pássaro
a voar, voar, voar

Toda Bailarina
pela vida vai levar
sua doce sina
de dançar, dançar, dançar


E assim segui crescendo, a dançar, dançar, dançar. Os tempos de balé se foram junto com a infância, mas de vez em quando me pego dando os tais "pulinhos" enquanto caminho, basta estar muito feliz!

E vocês, já notaram por aí esse comportamento "pulante" dos pequenos? Se ainda não viram (como se diz aqui na Bahia), "reparem só" e depois venham contar!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mini-blog de papel - Parte III

"Au, au, au. Hi-ho hi-ho. Miau, miau, miau. Cocorocó
o animal é tão bacana, mas também não é nenhum banana!"


Começo o post com essa música deliciosa dos Saltimbancos pra trazer o assunto do dia: Bicharada.

No final do último "episódio" do Mini-blog, conto que há no meu velho diário um "post de papel" sobre os animais de estimação que tínhamos lá em casa. Vamos a eles:


05/10/89

Querido Diário

Hoje eu tenho tanta coisa pra te contar.
Aqui em casa tem 11 animais: 3 cágados, 2 canários e 6 periquitos.
Passarinho é uma coisa linda, né?
Tem um filhote aqui, um periquito amarelinho, que é uma graça, mas, coitadinho, não sabe voar e os outros periquitos ficam assustando ele.
Sabe onde eles, os periquitos, ficam? Num viveiro!
Os canários ficam na gaiola e os cágados ficam cercados por muitos tijolos.
Mateus é o dono deles e nesse momento ele está ditando as palavras e ao mesmo tempo me perturbando.
Mudando de assunto, eu conheci uma vizinha que se chama Aline, ela veio aqui em casa ontem, mas ela ficou calada.
Ela tem 7 anos e é maior que eu, estuda a segunda série. Ela tem dois cachorros, gosta muito de brincar, principalmente com os meus patins. Ela tem uma risada engraçada.

Eu acho que já falei muito 'ela' hoje, né?

Tchau"
_______________________________________________________________

Vou começar a comentar pelo final, desta vez: 
Notaram que "ontem" eu conheci a tal vizinha, que ficou calada, mas no dia seguinte ela já dava sua 'risada engraçada' e gostava 'muito de brincar, principalmente com meus patins'! Intimidade é fogo!!! rsrsrsrs

Mas vamos lá, 'passarinho é uma coisa linda, né?' Tão fofinha essa menina, gente. Quem resiste? 

Na verdade eu e meus irmãos tivemos vários animais lá em casa durante a infância, alguns deles bem pouco convencionais. Ficavam no terceiro pavimento da casa, onde estavam a horta, os viveiros e a área de serviço. 

Ai vai uma listinha, acompanhada dos melhores (?) momentos dos bichinhos:
  • cágados - pequeninos e com grande reflexo pra se esconderem em suas carapaças. Um deles foi jogado por engano na lixeira pela diarista, pra desespero do meu irmão, que o recuperou antes do lixo ser recolhido. 
  • periquitos australianos - foram roubados lá de casa em um fim de semana em que estávamos viajando. Ah, roubaram as toalhas que estavam no varal também! Desconfiamos que foi pra abafar o grito deles por socorro. Ficamos muito abalados com isso.
  • canários belgas - tiveram o mesmo triste fim dos periquitos.
  • codornas - também habitavam um viveiro. Produziam muitos ovinhos, mas tinham uma inhaca danada! 
  • coelho - comeu a horta inteira, pra alegria das crianças que não gostavam de couve e alface. Quem ficou brava mesmo foi a mamãe...
  • minhocas (minhoca conta?) - tinha um monte na horta. Eu e Mateus fazíamos com elas experiências de cunho científico...
  • peixes - companheiros por longo tempo de nossas vidas, viviam em um aquário muito legal que meu pai mantinha. Morreram misteriosamente após uma inocente experiência de cunho científico...
  • Jandaia (Aratinga) - criados soltos pela casa, um dia resolveram conhecer outros horizontes e nunca mais voltaram (óbvio!). Os pequenos cientistas juram que não tiveram nenhuma participação nisso.
Eu me lembro que meu pai era o maior responsável por eles, ou ,ao menos, pela chegada deles. 

Nunca tivemos um cachorro ou um gato, apesar da nossa insistência infantil. Me lembro que Indy, o poodle de tia Inez, passou uma temporada lá em casa quando meus tios saíram de férias. Pudemos com ele avaliar a decisão dos nossos pais em não criar um animal de maior porte: quando não fugia, dava muito trabalho dentro de casa!!!

Achei muito válido ter convivido com essas criaturinhas. Cada uma com seu modo de sobreviver, nos ensinando a ter responsabilidade, cuidado, amor (e também importantes descobertas de cunho científico!)

Ronei, por outro lado, quando criança, teve passarinho, gato e cachorro. Ele também morava em uma casa e tinha um grande quintal pra dar conta dos bichos..

Hoje, casados, moramos em um apartamento, não temos empregada doméstica. A estrutura é totalmente diferente dos lugares onde crescemos. Até tentamos ter conosco uma endiabrada adorável cadelinha beagle chamada Meg. Infelizmente a experiência (que não era de cunho científico, juro!) não deu certo. Ela ficava muito tempo presa e sozinha, o que não é adequado pra animal nenhum desse porte. Quando ficava solta, destruía a casa.

Ainda queremos dar aos nossos filhos a oportunidade de crescerem tendo um animalzinho pra cuidar, pra brincar, mas pensar nisso enquanto moramos num apartamento está realmente difícil. 

Pra finalizar, vejam nesse vídeo uma linda demonstração de convivência entre uma pequena e seu bichinho:


Se você já passou pela experiência (de cunho científico ou não) de criar um animalzinho, entre na discussão:
TER OU NÃO TER UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? EIS A QUESTÃO!


UPDATE

Desculpem-me, mas esqueci de colocar o vídeo abaixo na postagem original, porém amo tanto essa menininha com o esquilo que não podia deixar de colocar aqui:

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