segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mini-blog de papel - Parte V - Fofuras de Natal

Ufa! Então sobrevivemos à previsão de mais um fim do mundo. Todos de volta às dores e delícias de viver em nosso planeta. Engraçado uma data de previsões catastróficas tão perto do Natal. É como se uma ideia fosse oposta à outra. Uma é destruição, a outra, renascimento, esperança, sonhos. 

E, já que tocamos no assunto, voltei a folhear e meu mini-blog de papel e me lembrei que 24 anos atrás, aos 9 anos de idade, eu acreditava em Papai Noel. 

"25/12/88
Querido Diário

Você se lembra que dia é hoje? Claro, né? Hoje é dia de Natal!
Eu viajei ontem para o terreno, brinquei bastante, subi várias vezes nas árvores e comi até dizer chega.
Quando deu meia-noite eu comi uma torta com recheio de chocolate que tia Deca fez, estava uma delícia. Eu ganhei de presente de minha mãe uma boneca que tira o bico e engatinha e eu vou botar o nome dela de Ana Paula. Sabe, diário, eu não ganhei nada de minhas tias, mas eu ganhei de Papai Noel uma boneca que eu vou fazer dela um boneco."

Sério que eu esperava que o diário interagisse, enchendo-o assim de tantas perguntas? Acho que precisava de uma rede social na minha vida... rsrsrsrs

Bom, pra que fique claro, o "terreno" na verdade era o sítio de Monte Gordo em que passávamos a maioria dos finais de semana, festas e férias da época da minha infância, como já relatei passagens  aqui e aqui. Subíamos em árvores como macaquinhos, passávamos o dia correndo, sujos da areia escura de lá, brincando de "monstro da lagoa". Camuflados com o carvão da castanha que meu pai e meu tio assavam, nos achando o máximo com toda aquela liberdade no melhor estilo "criança tem que se sujar". É claro que, pra tanta energia gasta, comida era sempre assunto bom e, vejam, chocolate já era uma paixão naquela idade, então não me julguem por não conseguir passar um dia sem comê-los agora. Além disso, os bolos de minha madrinha Deca são deliciosos, acho que pra compensar ela ter parido um primo tão chato que odiávamos com todas as nossas forças na época. Hoje ele continua chato, mas num nível passível de ser amado.

"Sabe, diário, eu não ganhei nada de minhas tias", contei aqui que no meu aniversário também me queixei de não ter recebido muitos presentes. Engraçado criança, né? Tão verdadeira... 

"...Mas eu ganhei de Papai Noel..." DE PAPAI NOEL!!! Fiquei tão feliz por ter encontrado essa fantasia nos meus escritos. Hoje existe uma grande discussão sobre ser correto ou não alimentar isso nas crianças. Particularmente, acho saudável e me lembro com muita alegria da gente deixando os nossos sapatos na janela do quintal, por incentivo de minha mãe. Então ela nos acordava no dia seguinte cantando a velha musiquinha de Natal, daí corríamos à janela pra buscar o que Papai Noel havia nos deixado. Bom, eu achava maravilhoso me comportar bem (ao menos na minha avaliação) e ser recompensada por isso. Lembro de separarmos nossos brinquedos menos usados e roupas que já não vestíamos para doação, dentre outras atividades beneficentes que a família se envolvia. Então era isso, a chegada do Natal significava família reunida (primos, ebaaaa!!! - exceto um :), brincadeiras, presentes na medida das nossas condições financeiras, solidariedade e, sobretudo, carinho, muito carinho.

Uma parêntese aqui pra ressaltar a criatividade sem limites naquela idade. Para combater a escassez da espécie masculina no universo dos bonecos, tratei com muita naturalidade a mudança de sexo da boneca que Papai Noel me deu. Ri alto aqui com essa declaração. Hehehe

E  quanto a vocês, acreditavam em Papai Noel???? Ho, ho, ho!!!


Desejo um feliz Natal a todos! Espero que possam resgatar a criança que existe em vocês, desfrutando com alegria as companhias, as surpresas, os sabores e a solidadriedade que inspira o Natal, deixando como provocação de dias melhores para o ano que está prestes a iniciar.





sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O cajueiro e a espera pelo fim do mundo

Imagem aqui

21/12/2012
O mundo vive mais uma vez  a expectativa do seu fim, o tão esperado (?) Apocalipse. Daí que eu e mainha estávamos assistindo uma reportagem sobre pessoas armazenando água e comida à espera do "gran finale", quando ela se lembrou de uma historia linda: muitos anos atrás, às vésperas de outro fim do mundo, meu avô foi ao quintal preparar a terra para plantar um cajueiro, ao que minha avó murmurou com o seu costumeiro mau humor: 

- Que besteira, pra quê plantar coisa alguma se o mundo vai se acabar?

Meu avô, esperto como só ele, respondeu:

- Minha velha, eu ouço essa história de mundo acabar desde menino e nunca aconteceu. Se acontecer dessa vez, ora, será mais um pé de caju a morrer. 

O tempo passou, o mundo não acabou e, quando brotaram os primeiros frutos daquele cajueiro, meu avô relembrou aquela conversa:

- Tá vendo ai, minha velha, agora temos caju  e castanhas, que nos alimentam e aos passarinhos, além de nos dar uma bela sombra no quintal!

Putz, preciso dizer mais alguma coisa? Sábio vovô Manoel. Sinto por não tê-lo conhecido melhor, convivido mais com ele, pois quando desencarnou eu ainda era muito criança. De qualquer forma ele deixou lições que serão passadas por muitas gerações.

Particularmente, concordo com ele nesse aspecto. E daí se o mundo acabar hoje, amanhã ou em alguns anos? Isso não deve paralisar as nossas ações, pelo contrário, deve nos mover a rapidamente fazermos ao mundo o bem que ele espera de nós. Então discordo desse lance de viver "como se não houvesse amanhã", porque a gente acaba procurando extrair tudo da vida e esquecendo de plantar. Eu prefiro achar que SEMPRE haverá amanhã, independente de estarmos nesse mundo ou não. Isso faz com que a gente nunca aja como crianças inconsequentes. Prefiro plantar, ainda que estejamos com os dias contados para o fim do mundo. Se nada do previsto acontecer, teremos, como o cajueiro, frutos doces para contar história.

Ocorre que, se os Maias estiverem certos, este é o último post deste blog. Então, pra não perder o humor nesse apocalíptico momento, seguem alguns vídeos sobre o tema pra vocês irem se distraindo até a queda dos meteoros ou do sinal da internet, o que ocorrer primeiro:

- Narração de Galvão Bueno para o fim do mundo



- Adriana Calcanhoto - E o mundo não se acabou



- Paulinho Moska - O último dia


E FIM! (Será?)


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